Comunicação Não-Violenta desenvolve a empatia e a solução de conflitos
Temos visto frequentemente que, hoje em dia, o simples fato de discordar da opinião do outro se torna motivo para brigas, julgamentos, conflitos e inimizade. Isso vem sendo muito propagado nas redes sociais, principalmente quando o assunto em questão é política.
A partir do momento que isso é visto como “normal”, as pessoas se tornam também mais violentas através de palavras e atos. Essa violência impede que se tenha uma visão mais holística e compassiva em relação as outras pessoas e situações.
Mas afinal como podemos mudar, na prática, esse cenário de conflito para um convívio mais harmônico e pacífico?
Uma solução possível é o desenvolvimento da comunicação não-violenta – CNV, que tem como objetivos exercer a empatia (colocar-se no lugar do outro para tentar entender seus sentimentos) e olhar de igual para igual.
Coloca-la em prática pode ajudar as pessoas a se relacionarem melhor consigo e com os outros, e também contribui para a resolução de conflitos sociais de diferentes origens.
A história da Comunicação Não-Violenta
Marshall Rosenberg tinha apenas nove anos quando teve de ficar trancado com sua família no porão de sua casa por três dias. O motivo foi um conflito racial que acontecia em sua cidade.
Anos depois, formou-se em psicologia e continuou estudando o papel da comunicação e o peso das palavras. Suas pesquisas sobre compaixão o levaram a descobrir que a comunicação é o elo essencial para criar empatia entre seres humanos. Nesse caminho, Rosenberg criou a Comunicação Não-Violenta, que busca uma entrega mútua e sincera entre as pessoas.
Segundo o próprio Rosenberg, ela pode ser definida da seguinte forma:
“É baseada nos princípios da não violência – o estado natural de compaixão quando a não violência está presente no coração. CNV começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante. CNV também assume que todos compartilham necessidades humanas básicas, e que cada uma das nossas ações é uma estratégias para atender a uma ou mais necessidades.”
Ao longo dos anos, Rosenberg utilizou a CNV para ajudar comunidades em países que se encontravam em situação de guerra e conflitos religiosos.
Mas afinal, o que é a CNV?
A CNV vai muito além de uma técnica de linguagem, ou um conjunto de normas de comunicação; ela está muito mais relacionada a um estado de consciência e relação em que a compaixão prevalece entre as pessoas e, assim, criam diálogos harmoniosos e pacíficos por meio da comunicação.
Praticar este método faz com que se estabeleça confiança e cooperação para uma comunicação inteligente e eficaz. Além disso, é também uma forma prática de intervir e compreender conflitos, desfazendo-se de preconceitos.
Mas não para por ai; ela também nos dá a possibilidade de olhar para dentro de nós mesmos e, ao invés de julgar e criticar, contribuir verdadeiramente para o bem estar de si e dos outros à nossa volta.
A CNV tem o objetivo de resgatar o que há de mais genuíno nas pessoas: suas emoções, valores, a capacidade de se expressarem com honestidade e sua inteligência emocional, ajudando os outros em real empatia, ou seja, compreendendo as verdadeiras necessidades do outro e não em vontade altruísta.
Praticando a Comunicação Não-Violenta
Em seu livro, que é a maior referência no tema, Rosenberg propõe a aplicação prática da CNV no dia-a-dia. Aqui vão algumas sugestões de como começar:
1. Observe de forma descritiva e não julgadora
É de senso comum que não devemos julgar os outros, mas na prática acabamos fazendo isso o tempo todo, mesmo que sem querer.
Quando julgamos a ação do outro, é mais provável que ele sinta aquilo como uma crítica e fique na defensiva, bloqueando a compaixão e empatia que chegaria a um bom entendimento.
Você pode começar eliminando frases que sejam feitas baseadas nos julgamentos moralizadores de culpa, depreciação, rotulação, insulto, crítica.
Mas não se engane pensando que exercer a CNV é falar de forma doce, falar baixo ou deixar de falar algo. Pelo contrário, é utilizar as palavras certas aliadas a uma escuta empática. Independente do tom de voz, as frases a seguir são vistas como violentas pela ótica da CNV:
“Você é muito bagunceiro”
“Isso é típico de fulano”
“Nada contra, mas ela sempre faz esse tipo de coisa…”
Quando fazemos declarações como estas, atribuímos valores às pessoas. Além do julgamento, comparações costumam ser igualmente prejudiciais.
2. Entenda e expresse as emoções que a situação causa em você
Outro passo fundamental para praticar CNV é entender os próprios sentimentos, principalmente enquanto as próprias situações estão acontecendo. É preciso estar atento para identificar e nomear os sentimentos que surgem no cotidiano.
Mas fazer isso é mais complicado do que parece, afinal, não somos treinados para prestar atenção em nossas emoções. Pelo contrário, a vida toda nos dizem que elas nos atrapalham.
Um dos princípios da CNV é que todos temos necessidades, e os sentimentos e emoções são sinais de que essas necessidades foram atendidas ou não. Quando nos expressamos, nos abrimos para o outro para que ele também entenda o nosso lado da situação.
Por isso, sempre que estiver conversando com alguém, seja sincero sobre o que você sente. Expor seus sentimentos não é demonstrar vulnerabilidade, mas sim ser o mais honesto possível na sua comunicação.
3. Identifique e se responsabilize por suas necessidades
Ter uma comunicação não-violenta não significa fugir de conflitos, mas sim construir caminhos para uma solução conjunta e positiva. Ao lidar com esses conflitos, é importante que você assuma a responsabilidade pelos seus sentimentos.
O problema é que nos acostumados a pensar que as outras pessoas devem sempre satisfazer nossas necessidades, culpando e responsabilizando-as antes de qualquer coisa.
Um exemplo claro disto é esta afirmação:
“Você me decepcionou porque não apareceu ontem”
Indiretamente, você está dizendo que seu desapontamento é culpa do outro que não apareceu. Tente mudar o foco e pensar diferente do que está errado na situação ou na pessoa, mas nas necessidades que você gostaria que fossem atendidas.
“Fiquei desapontado quando você não apareceu, porque eu precisava conversar sobre um assunto que estava me incomodando”
Pode parecer uma mudança boba, mas se assumirmos esse papel, passamos a enxergar de maneira diferente os nossos sentimentos e necessidades e deixamos de culpar o outro pelo que estamos sentindo.
4. Faça um pedido claro
Para que uma determinada ação seja realizada, atendendo as nossas necessidades, é preciso um pedido. Certo? O problema é que, para muitos de nós, isso é um desafio enorme. Isso acontece porque, muitas vezes, não somos claros nem específicos sobre o que estamos pedindo.
Mas cuidado, existe diferença entre um pedido e uma exigência. Ao ser confrontada com uma exigência, a pessoa pode sentir isso de forma negativa e acabar com uma conexão genuína.
Por isso, o ideal é que, quando fizer um pedido, que ele seja objetivo e deixe claro o que você quer e o que não quer, sem parecer ameaçador. É fundamental ter certeza do que precisa ao invés de esperar que alguém adivinhe.
Pode parecer fácil dito assim, mas acredite, não é. Para viver a CNV é necessário um exercício constante de paciência, ação e persistência, entendendo que é possível discordar e não se entender – mas mesmo assim continuar dialogando.
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