Trabalhar em Paris - França

Neste artigo, a professora de francês Sonia Gabilly*, nascida e criada na França, mostra quais as principais características que devem estar presentes em uma carta de apresentação para emprego ou estudo, destinada a organizações de países cujo idioma original é o francês.

Leia o artigo até o final que você vai ter ainda um bônus: 3 dicas para superar algumas barreiras do idioma.

Trabalhar ou estudar na França

“O ceu é o limite”

Ou como escrever uma carta de apresentação em francês que abra as portas de um novo emprego para você.

Essa famosa frase de Cervantes ganhou, com a nossa vida moderna, um sentido bem mais amplo de que ela podia ter na época dele. De fato, a velocidade das comunicações e as facilidades de transportes modificaram totalmente nosso universo. E o que antes parecia inacessível, hoje está ao nosso alcance.

Isso vale para inúmeras situações, porém, vou focar agora apenas nas oportunidades de estudos e trabalhos fora do Brasil, mais especificamente nos países francofones.

Para conseguir um emprego ou uma vaga em um mestrado/doutorado na França ou em Québec (Canadá) é preciso ter muito bem preparados dois documentos: um currículo e uma carta de apresentação.

Voltaremos a falar sobre o currículo em outro artigo. Hoje, vou me concentrar na carta de apresentação, seu passaporte para uma nova vida.

França com vinho e baguetes

Foco na empresa contratante

A primeira coisa (depois de mencionar o cargo/vaga para a qual você está se candidatando) é dizer algo sobre a empresa ou instituição na qual você está interessado. Não se trata aqui de bajular o leitor da carta, mas sim de mostrar a ele em quais aspectos, precisamente, você e a organização dele estão conectados.

Coloque, por exemplo, algo do tipo: “durante meus estudos de engenharia, me interessei pelo desenvolvimento da energia eólica, muito desenvolvido na França, e foi assim que conheci a sua empresa”.

Isso é essencial para mostrar que seu interesse é genuíno e que você não está mandando cartas formatadas para todas as empresas/instituições que lhe interessam. Pode parecer trabalhoso e tedioso, porém você irá descobrir informações que lhe serão muito preciosas na hora da entrevista, o “entretien”, como chamamos na França.

Destaque para suas contribuições

O segundo ponto é mostrar ao seu selecionador o que você pode acrescentar à estrutura dele. Não em termos de conhecimentos, porque essas informações ele já tem no seu currículo, mas em termos de personalidade.

Quais são seus pontos fortes? Você é dedicado e organizado, por isso poderá ajudar a melhorar o sistema organizacional da empresa? Você é dinâmico e comunicativo, formado em comércio, fatos que o transformam em uma ótima opção para ajudar a aumentar as vendas? Você é estudioso e criativo e terá facilidades para decifrar as novidades do mercado ou até mesmo em criá-las?

Escolha duas ou três características marcantes que sejam verdadeiras (claro) e se for possível “originais”. Evite, por exemplo, escrever que você está “supermotivado”. De fato, estar motivado é bom, mas todos estamos na hora de escrever a carta ou de conseguir a vaga no dia do “entretien” (entrevista). E depois? Dias mais, dias menos… E o recrutador sabe muito bem disso.

Objetividade faz uma boa carta de apresentação

O terceiro ponto, talvez o mais importante: seja claro e conciso! Todas essas informações devem caber em uma lauda (umas 25 linhas), serem diretas e objetivas.

Nós, franceses, não temos muita paciência para floreios e explicações complexas. No trabalho, costumamos ser objetivos, indo direto ao ponto. Sem exagero claro, não seja minimalista, mas seja objetivo! Por exemplo, para explicar os fundamentos da sua motivação, não precisa entrar em detalhes como: “na faculdade eu tive a oportunidade de estudar com um professor que um dia nos apresentou um caso (…) que me interessou tanto que…”. Diga algo como “na faculdade eu tive contato com ‘tal’ matéria pela qual me interessei a ponto de pesquisar a respeito”.

Resumindo, sua carta de apresentação deve responder a esses critérios: interesse, motivos e objetividade.

Trabalhar na França

Como superar barreiras do idioma

Imagino eu que deve lhe restar um receio: “meu francês não é tão bom assim…”. Escrever em outro idioma é bastante desafiador (sei muito bem do que estou falando), porém também é gratificante.

Então, últimas dicas por hoje:

  1. procure escrever diretamente em francês, assim você evitará estruturas idiomáticas “aportuguesadas”
  2. Faça frases curtas e use palavras simples. Antes simples e correto do que rebuscado e errado
  3. Peça uma revisão do seu texto para alguém que, além de ter um bom conhecimento do idioma, também saiba como se redigem tais documentos em Francês.

Voilà, au travail!

*Sonia Gabilly é professora de francês, tradutora e articulista da Widoox. Francesa radicada ao Brasil há dez anos, é fundadora da escola de francês on line Français On Demand, em que são propostos cursos de francês diferenciados.

Caso queira aulas de francês a distância, solicite um contato pelo e-mail: contato@widoox.com.br

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