Você sabia que, quando resolve mudar alguma coisa na sua vida, sua “zona de conforto” faz de tudo para impedir?
O que chamamos de “zona de conforto” é uma parte de nós que pouco conhecemos ou na qual não prestamos muita atenção.
Eventualmente nós nos referimos a ela, mas dificilmente paramos para pensar em como funciona, qual a influência sobre nós e a que resultados nos leva.
No fundo, sabemos que a chamada “zona de conforto” funciona com uma forte resistência para nos impedir de fazer mudanças nas nossas vidas.
Esta mecânica é automática e pauta nossas vidas o tempo todo, com mais intensidade quando resolvemos fazer alguma coisa que não estamos acostumados ou, mais ainda, quando resolvemos realizar uma grande mudança.
Essa resistência é formada pelas nossas crenças e pensamentos limitantes, pelas memórias e se utiliza do desconforto provocado pelas mudanças. Qualquer decisão de alteração na nossa vida é acompanhada pelo desconforto, gerando imediatamente uma reação de apego à situação a ser alterada.
A zona de conforto se manifesta através de frases no pano de fundo das nossas mentes ou como reações físicas e emocionais. Frases do tipo: é muito arriscado; vai dar trabalho; não vou dar conta; não posso; não consigo; gosto/não gosto; não sou capaz; não é seguro; medo, medo, medo; e por aí afora. E reações como: procrastinação, dores de cabeça, preguiça, dormir demais ou de menos; falar demais ou emudecer; inércia; comer demais ou de menos; pânico; dúvida; só para começar a lista quase infinita de manifestações.
Alguns dos resultados de darmos ouvido a estas frases e considerarmos estas reações físicas e emocionais são os sentimentos de enorme frustração, tristeza por não realizarmos, sensação de impotência, falta de significado em nossas vidas, angústia e, até mesmo, desespero.
De onde vem a Zona de Conforto?
A resistência a mudanças se manifesta por alterações emocionais e mentais. E, talvez, também tenhamos que considerar reações químicas do nosso corpo.
A mecânica do corpo humano é voltada para garantir a nossa sobrevivência e, por isto, para a o uso econômico da energia corporal. O cérebro corresponde a aproximadamente 2% da massa corporal e consome aproximadamente um quinto da energia do corpo.
Neurocientistas têm afirmado que 95% do que fazemos tem origem no nosso inconsciente. E os nossos mecanismos instintivos atuam neste ambiente. O que chamamos de zona de conforto está localizada no nosso inconsciente e é imediatamente acionada quando conscientemente decidimos por alguma mudança.
As mudanças que promovemos têm origem em uma escolha consciente, uma decisão que desencadeia uma série de alterações físicas, emocionais e mentais para viabilizar os resultados que escolhemos. Então, as mudanças requerem alterações físicas no nosso cérebro e, com isto, maior gasto de energia.
Um exemplo disto é quando resolvemos aprender a dirigir. Em geral, temos aulas para aprender a lidar com direção, câmbio, três pedais, três retrovisores, chave de ignição, acionadores de limpadores de para-brisas, acionadores de faróis e setas de conversão, semáforos, outros carros andando e estacionados, pedestres, sinalização de trânsito, além do instrutor sentado ao seu lado falando calmamente.
Mas, como o instrutor poderia estar calmo se eu estava em absoluto pânico?
Comigo foi assim. Sentei no banco do motorista em um carro da autoescola, sem ter a menor ideia de como eu poderia lidar com tudo aquilo e ainda conseguir sair ilesa da experiência. Tinha uma vozinha lá no fundo da minha mente dizendo para deixar tudo isto para trás e voltar para casa, lugar seguro e imóvel, e somente andar em veículos que outras pessoas dirigissem. Sentia um medo terrível de bater em outros carros ou bater em algum pedestre e muitos outros medos zunindo na minha cabeça.
E quem estava promovendo todo aquele caos? A minha zona de conforto, a minha resistência àquela mudança que me traria muitas facilidades.
Aprender a dirigir é um exemplo da mudança de caminhos neurais, o que requer um gasto maior de energia física, além da decisão mental para realizar aquilo e a carga emocional para sustentar a decisão.
Como conviver bem com a nossa “Zona de Conforto”?
Refletindo sobre todo este mecanismo de resistência, percebemos como é importante trazermos para a consciência todo o movimento que ocorra em nós originado da nossa resistência às mudanças.
Percebi que é imperativo estabelecermos uma convivência pacífica e produtiva com a nossa “zona de conforto”. Na medida certa, a resistência poderá funcionar como um alerta para a prudência e bom senso no nosso planejamento estratégico das mudanças que queremos.
E atenção para a medida certa. Ela é certa até que se torne impeditiva.
Concluí que é imperativo descobrir uma forma de acessar e atuar conscientemente com a nossa resistência porque, sem isto, ficamos a mercê dessas vozes e impedimentos que nos deixam realizar somente o mínimo dos nossos anseios e dos nossos talentos.
Para isto, algumas dicas:
- Saiba que terá que ser inexorável com a resistência apelando para a determinação, a disciplina e a assertividade;
- Proponha-se a observar e a se conscientizar das frases impeditivas que aparecem na sua mente e as suas reações físicas e emocionais às mudanças;
- Enfrente-as uma a uma com coragem, afinal são criações suas, e transforme-as em recursos de superação e força para realizar a mudança que você quer.
Para ajudar um pouco, recorra à lembrança detalhada de uma situação em que você se superou e atingiu um resultado importante e desafiador na sua vida e sinta novamente toda a alegria e satisfação que sentiu.
Isto mesmo! Lembre-se da alegria, da sensação de “eu posso” que você teve e mergulhe nela. Agradeça profundamente por ter conseguido superar a sua resistência. E lembre-se de todos os desdobramentos daqueles resultados.
Pode ser a lembrança da sua luta para entrar em uma faculdade e chegar à formatura, superando as limitações financeiras, dificuldades com as matérias, o tempo dedicado aos estudos em detrimento de momentos de lazer e descanso. Você venceu, você superou a sua resistência, você conseguiu!
Superar a Zona de Conforto é uma questão de decisão
Somente quando assumimos total responsabilidade sobre as nossas vidas e resultados é que estaremos realmente levando a sério e honrando a nossa história e sonhos.
E as pessoas que realizam são aquelas que assumiram a responsabilidade de atuar a partir das suas almas.
É preciso agir! Assumir e sustentar compromissos consigo mesmo e criar condições para realizar. Preparar-se para as adversidades que venham a ocorrer nos processos de mudança, corrigindo e alterando os rumos sem perder de vista o objetivo. Manter a atenção incansável nos sintomas de resistência para, ao menor sinal, providenciar as transformações necessárias.
Realize com integridade, alegria, paciência e clareza. E vá em frente sempre!
“Todos os homens morrem, mas só alguns vivem!”
Fala de Wallace no filme CORAÇÃO VALENTE.
Leia também meu artigo “Você sabe o que realmente quer para a sua vida?”
Recomendo fortemente a leitura deste livro:
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